As autoridades da Flórida arquivaram as acusações contra três moradores de Boca Raton que haviam sido presos em março de 2024 sob a suspeita de abusar sexualmente de dois meninos e transmitir os atos ao vivo pela internet em troca de dinheiro. Os réus — a brasileira Walquiria Cassini, seu namorado Ryan Londono e o filho adulto dela, Matthew Cassini — negaram as acusações desde o início.
Na época da prisão, o caso chocou o tribunal. Um juiz veterano chegou a declarar que “chocar a consciência da corte é algo difícil neste ponto da carreira”, dada a gravidade dos crimes relatados. O FBI havia apreendido câmeras e equipamentos de gravação na casa de Cassini.
No entanto, 19 meses depois, o gabinete do procurador estadual apresentou um documento solicitando a retirada formal das acusações, alegando que “novas informações vieram à tona”, sem detalhar o conteúdo.
A defesa afirmou em nota que as denúncias partiram de um ex-namorado vingativo, que teria inventado a história após ser expulso da residência de Cassini. “Este caso é um lembrete poderoso de como acusações falsas podem destruir vidas”, diz o comunicado.
Pela primeira vez desde que as acusações foram retiradas, na sexta-feira (31), Walquiria Cassini falou publicamente sobre o caso que quase acabou com sua vida.
“Eu não fazia ideia do motivo pelo qual estavam me ligando a tudo aquilo. Foi muito assustador não entender o que estava acontecendo”, disse Cassini. Seu advogado, Mac Kenzie Sacks, afirmou que ela passou quase dois anos em prisão domiciliar, até o gabinete do promotor reconhecer que “não havia evidências que sustentassem as acusações”.
A defesa sustenta que as denúncias surgiram de uma disputa de custódia marcada por vingança e manipulação, e que o ex-companheiro de Cassini teria induzido os filhos a mentir para se vingar após perder o controle da guarda. “As crianças foram vítimas de uma campanha de lavagem cerebral que as afastou da mãe e distorceu a percepção da realidade”, explicou o advogado Matthew Goldberger.
Segundo a equipe de defesa, o caso começou em novembro de 2023, quando o ex se recusou a devolver os meninos após o feriado de Ação de Graças. Cassini ameaçou denunciá-lo por sequestro e chamou a polícia. Imagens de câmeras corporais dos agentes mostram até mesmo oficiais duvidando das acusações das crianças, com um deles afirmando: “É possível que as crianças estejam mentindo porque querem ficar com o pai.”
Os advogados também acusam o detetive principal do condado de Palm Beach de incluir informações falsas no relatório de prisão. “Desde o início, esta investigação foi conduzida por histeria e viés de confirmação, não por evidências”, disse Goldberger.
O FBI e a polícia analisaram 56 dispositivos eletrônicos, DNA e a casa da família, sem encontrar qualquer prova que ligasse os acusados aos supostos crimes. Cassini afirma que o caso lhe custou a carreira, a reputação e a convivência com os filhos. “Foi devastador. Eu passei de mãe a nada”, desabafou. Agora, seu objetivo é reconstruir a vida e recuperar a guarda dos filhos.
Os advogados afirmam que ainda restam muitas perguntas sobre como acusações tão graves e infundadas chegaram a se tornar um processo criminal, e não comentaram se pretendem processar o ex-namorado.
Fonte: WPBF

																				