Um novo estudo revelou que a mudança climática tem aumentado a exposição de mulheres grávidas a riscos de calor extremo, elevando as chances de partos prematuros e natimortos. A análise, conduzida pela Climate Central, é a primeira a quantificar como as mudanças climáticas estão intensificando dias perigosamente quentes para gestantes em todo o mundo.
"Se você está grávida, é importante estar ciente de que a exposição ao calor extremo aumenta as chances de parto prematuro, natimorto, diabetes gestacional e outros riscos à saúde," explicou Kristina Dahl, vice-presidente de ciência da Climate Central. "Isso permite que você tome precauções, como se manter hidratada e buscar locais frescos durante as ondas de calor."
O estudo observou o risco de calor para gestantes em cidades da Flórida, como Miami e West Palm Beach, que registraram mais de um mês de dias perigosamente quentes por ano, em média. As mulheres negras e hispânicas, que muitas vezes têm acesso mais limitado a cuidados médicos, são particularmente vulneráveis a esses riscos.
Um estudo anterior, publicado em 2020, revisou 57 pesquisas que relacionaram calor e poluição do ar a complicações na gravidez nos EUA. Entre as descobertas, temperaturas elevadas foram associadas a um aumento de 8,6% a 21% na chance de parto prematuro e a um risco 6% maior de natimorto para cada aumento de 1°C na semana anterior ao parto.
Além das temperaturas, fatores como acesso ao ar-condicionado, água potável e cuidados médicos também influenciam esses riscos. Em algumas áreas, as gestantes precisam viajar por horas para receber atendimento de emergência, uma barreira significativa para a saúde materna.
O estudo utilizou o Climate Shift Index, uma ferramenta que modela a influência das mudanças climáticas nas temperaturas diárias, para calcular o impacto do aquecimento global nos dias de risco para gestantes. Os resultados mostraram que, sem as mudanças climáticas, todos os estados dos EUA teriam experimentado pelo menos 29% menos desses dias.
Globalmente, países em desenvolvimento, como os da América Central, Pacífico e África Subsaariana, que contribuem menos para o aquecimento global, estão entre os mais impactados. Em muitos casos, todos os dias de risco de calor para gestantes nesses países foram atribuídos às mudanças climáticas.
"Cortar as emissões de combustíveis fósseis não é apenas bom para o planeta, é crucial para proteger gestantes e recém-nascidos ao redor do mundo," afirmou Bekkar, coautor do estudo.
Fonte: NBC