Quando Samuel Batista chegou aos Estados Unidos há 26 anos atrás, em 1998, ele não esperava se tornar o primeiro ex-militar 'PQD' brasileiro a se tornar xerife nos Estados Unidos. Natural de Volta Redonda e integrante da Brigada Paraquedista do Rio de Janeiro durante dez anos, formando da turma de 1987, seu desejo inicial era integrar o exército militar americano, o que não foi possível, uma vez que ainda não havia conquistado a cidadania, mas o brasileiro não desistiu.
Inicialmente vivendo em Connecticut, Samuel decidiu ficar e seguir correndo atrás dos seus sonhos. Ele trabalhou na Mercedes-Benz, trabalhou na Toyota, e serviu como bombeiro voluntário durante muitos anos, satisfazendo a sua paixão pela carreira militar e a vontade de ajudar as pessoas. Com 56 anos, recebeu a proposta que iria mudar a sua história.
"Eu recebi uma proposta para trabalhar na polícia de Daytona Beach, na polícia de Orlando, na Imigração, porque eles estão precisando de pessoas que falam duas, três línguas," explicou. "Mas, acabei decidindo ir para o Departamento de Xerife no Condado de Flagler."
O processo para se tornar Xerife é repleto de etapas. O primeiro passo é se inscrever no site do departamento, e passar por um teste físico. A partir daí, as autoridades iniciam uma investigação rigorosa de background, entrevistando seus vizinhos e conhecidos, e buscando até mesmo por multas de trânsito.
"Está sendo maravilhoso, porque eu fui militar no Brasil, então estou acostumado com a hierarquia, disciplina, regras", conta Samuel. "O Xerife não está acima de ninguém, ele é um servidor público, ele está trabalhando para servir a população. Os valores que meus pais e o exército me deram me prepararam para isso."
Segundo Samuel, houve a resistência de alguns americanos contrários à presença de estrangeiros na guarda, mas a instituição está cada vez mais aberta à participação de imigrantes como ele, que convive com colegas jamaicanos, portugueses e espanhóis no ambiente de trabalho.
Com todos os percalços, Samuel nunca pensou em retornar para o Brasil. O Xerife conta que se apaixonou pelo país, pela cultura, e construiu uma nova vida nos Estados Unidos, que chamou de "o país das realizações". Ele ressalta que não há limite de idade para ser policial nos EUA, e encoraja outros imigrantes que tenham interesse no processo a contatá-lo através das redes sociais caso busquem alguma orientação.
"O brasileiro é guerreiro por natureza, determinado, e sempre se destaca. Eu sempre me destaquei aqui, não por ser melhor do que os outros, mas por ser esforçado", conta. "Lembre-se que você está representando a sua nação onde você for. Isso que temos que ter em mente: fazer sempre nosso melhor, e com a misericórdia e graça de Deus a gente vai longe."