O secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, provocou controvérsia ao relacionar o aumento no preço da carne bovina no país à imigração em massa. Em entrevista à Fox News, ele afirmou que migrantes estariam trazendo gado infectado por uma doença erradicada na América do Norte — a mosca-da-bicheira — e apontou esse suposto risco sanitário como motivo para o fechamento temporário da fronteira a importações de carne mexicana. Embora o governo realmente tenha suspendido as compras do produto do México em maio devido ao avanço da doença entre rebanhos locais, não há qualquer evidência oficial de que imigrantes transportem gado, muito menos provenientes da América do Sul.
Especialistas e entidades do setor discordam da explicação do secretário e afirmam que o aumento no preço da carne está diretamente ligado às tarifas impostas pelo governo Trump a grandes exportadores, como Brasil, Uruguai e Austrália. As medidas elevaram o custo de importação e pressionaram o preço final ao consumidor.
Diante do impacto inflacionário, o governo anunciou na sexta-feira (14) uma redução de tarifas sobre produtos como carne, café, banana, açaí, tomate e outros alimentos. Segundo comunicado da Casa Branca, esses produtos não são produzidos em volume suficiente nos EUA para suprir a demanda interna, justificando a necessidade de menor taxação. A redução é retroativa e passou a valer desde quinta-feira (13).
A decisão também beneficia países exportadores, entre eles o Brasil — um dos maiores produtores de café e segundo maior de carne bovina. A ordem executiva cita como motivação o enfrentamento de “grandes e persistentes déficits comerciais” e a necessidade de ajustar o escopo dos itens tarifados após negociações com parceiros e avaliações sobre capacidade produtiva doméstica.
Representantes do agronegócio brasileiro afirmam que a medida traz algum alívio. Segundo Roberto Perosa, presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes, a expectativa inicial era de um corte tarifário de 10%. A medida coincide com encontros recentes entre o chanceler Mauro Vieira e o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, nos quais houve sinalização de interesse em melhorar as relações bilaterais. Nesta semana, o próprio Bessent já havia indicado que reduções tarifárias poderiam ser adotadas para alimentos como café e frutas.
Fonte: CBN

