O presidente Donald Trump afirmou neste domingo que os Estados Unidos “podem estar tendo algumas conversas” com o presidente venezuelano Nicolás Maduro, em meio ao aumento da presença militar norte-americana perto da Venezuela. A declaração ocorre após a chegada ao Caribe do USS Gerald R. Ford, o mais avançado porta-aviões dos EUA, que integra a “Operação Southern Spear”, formada por quase uma dúzia de navios e cerca de 12 mil militares.
Embora o governo norte-americano defenda que se trate de uma operação antidrogas, analistas veem a mobilização como forte pressão sobre Maduro, que enfrenta acusações de narcoterrorismo nos EUA. Desde setembro, ataques a barcos suspeitos de transportar drogas mataram ao menos 83 pessoas em 21 ações no Caribe e no Pacífico Leste.
Trump, ao ser questionado sobre a suposta disposição de Maduro para negociar, evitou detalhes. “Venezuela quer conversar”, disse, acrescentando mais tarde: “Eu converso com qualquer um.” O governo venezuelano não comentou. Maduro afirma que Washington “fabrica” uma guerra contra seu país e promoveu no fim de semana uma mobilização de civis e militares para se defender de possíveis ataques.
O porta-aviões chegou à região enquanto militares dos EUA realizam exercícios conjuntos em Trinidad e Tobago — a apenas 11 quilômetros da costa venezuelana — e também no Panamá, em meio ao reforço do foco estratégico na América Latina. Oficiais da Marinha e do Exército afirmam que a presença ampliada busca conter ameaças transnacionais ligadas ao narcotráfico.
Em paralelo, o Departamento de Estado anunciou que designará o Cartel de los Soles, supostamente liderado por Maduro e por integrantes de alto escalão de seu governo, como organização terrorista estrangeira a partir de 24 de novembro. A medida tornará crime fornecer apoio material ao grupo.
Apesar da justificativa antidrogas, Trump enfrenta pressão de congressistas e de autoridades internacionais que pedem esclarecimentos sobre quem está sendo alvo dos ataques e qual a base legal para a operação. Especialistas divergem sobre a possibilidade de ataques aéreos dentro da Venezuela, mas concordam que a presença do Ford envia um recado contundente. “O mundo está observando para ver até onde os EUA estão dispostos a ir”, disse Elizabeth Dickinson, analista do International Crisis Group.
Fonte: ABC

