A juíza Nina Shapirshteyn, do Tribunal Superior da Califórnia, rejeitou o pedido da empresa Roblox para transferir para arbitragem privada um processo movido por um pai que acusa a plataforma de facilitar a exploração sexual de seu filho de 13 anos. A decisão, emitida na semana passada, mantém o caso em trâmite público e é vista por advogados como um precedente que pode permitir que outras famílias processem a empresa na Justiça comum.
A Roblox, que conta com cerca de 83 milhões de usuários ativos diários e faturou US$ 3,6 bilhões em 2024, enfrenta mais de **35 ações judiciais — além de investigações conduzidas por procuradores-gerais de Louisiana, Kentucky e Flórida. Os processos alegam que o ambiente do jogo online, lançado em 2006, tem sido usado por predadores para contatar e aliciar crianças.
O caso que motivou a decisão envolve um pai identificado apenas como Steve, que criou uma conta para o filho em 2023. Segundo a denúncia, um homem se passou por adolescente dentro da plataforma, iniciou conversas com o garoto e depois o levou a migrar para o Discord, onde o convenceu a enviar imagens e vídeos explícitos em troca de cartões de presente de Robux, a moeda virtual do jogo. As mensagens incluíam ameaças e detalhes pessoais sobre o endereço e a escola do menino.
Steve afirma que denunciou o caso à polícia, que identificou o suspeito como um criminoso reincidente acusado de explorar ao menos 26 menores em diferentes estados. Em fevereiro, ele entrou com uma ação contra Roblox e Discord, acusando as empresas de enganar pais sobre a segurança das plataformas e de não proteger adequadamente seus usuários.
A Roblox tentou transferir o caso para arbitragem privada, citando os termos de uso aceitos no cadastro. A juíza, no entanto, negou o pedido, considerando que a medida restringiria o direito das vítimas à transparência judicial. A advogada Alexandra Walsh, que representa Steve e outras famílias, afirmou que a decisão “garante que as acusações sejam julgadas à luz do dia, e não em um sistema secreto”.
Em nota à ABC News, a Roblox declarou estar “profundamente preocupada com qualquer dano a crianças online” e reafirmou investir em verificação de idade por inteligência artificial e filtros de segurança avançados. A empresa informou que discorda da decisão e pretende recorrer.
Steve, que mudou de estado com a família após o ocorrido, disse considerar a decisão “tranquilizadora”. “Todos merecem um dia no tribunal, mas essas empresas querem manter tudo em silêncio. Foi uma experiência devastadora”, afirmou.
Fonte: ABC

