O impacto econômico das mudanças climáticas nos Estados Unidos pode se tornar devastador nos próximos anos, afetando diretamente milhões de proprietários e o sistema financeiro. Um novo estudo da First Street Foundation revela que o número de execuções hipotecárias relacionadas a desastres naturais — como inundações, tempestades e furacões — pode crescer 380% até 2035. Atualmente, cerca de 7% das hipotecas inadimplentes estão ligadas a eventos climáticos, mas esse número pode saltar para 30% na próxima década.
As populações de baixa e média renda são as mais vulneráveis, já que grande parte do patrimônio dessas famílias está concentrada no valor de suas casas. O estudo estima que os credores perderão até US$ 1,2 bilhão por ano em 2025, chegando a US$ 5,4 bilhões anuais dentro de dez anos devido à inadimplência.
Um dos principais fatores de risco é o aumento nos custos de seguro residencial, que já vem provocando a saída de seguradoras de regiões propensas a desastres — como a Flórida, que foi duramente atingida na última temporada de furacões. Apenas em Duval County, no nordeste do estado, os prejuízos podem chegar a US$ 60 milhões em um ano com clima severo. Oito dos dez condados com maiores perdas previstas estão localizados na Flórida.
O estudo também destaca falhas nas políticas públicas. A FEMA, órgão federal responsável por mapear áreas de risco, utiliza critérios limitados, o que faz com que milhões de imóveis expostos a inundações não sejam contemplados nos mapas oficiais. Isso gera um cenário de subseguro generalizado: propriedades fora das chamadas Zonas de Risco de Inundação têm 52% mais chances de sofrer execução hipotecária após enchentes, segundo análise de 29 eventos entre 2002 e 2019.
De acordo com uma revisão interna feita no início do mês, a FEMA não está preparada para a temporada de furacões que começa em junho, e enfrenta desafios significativos, incluindo cortes de pessoal e uma mudança de foco que pode prejudicar sua capacidade de resposta a desastres. O documento observa que a preparação para a temporada de furacões "foi prejudicada este ano devido a outras atividades, como mudanças de contratos e redução de funcionários".
O Governador da Flórida Ron DeSantis demonstrou sua insatisfação com a atuação do órgão, chegando a propor que a gestão da resposta a desastres naturais seja feita exclusivamente pelos estados, sem a participação da agência federal.
Com a temporada de furacões de 2025 se aproximando — e as cicatrizes da devastação de 2024 ainda visíveis na Flórida —, cresce a urgência por medidas que integrem o risco climático nas avaliações de crédito e políticas de seguro. Especialistas alertam que, sem ação, o impacto econômico será profundo e desigual.
Fonte: CBS