Passageiros viveram momentos de tensão em um voo da American Airlines com destino a Nova York, que saiu de Guarulhos (GRU) por volta das 23h30 do último domingo (22), mas teve que retornar minutos depois.
A aeronave modelo Boeing 777-300ER, o maior avião bimotor em operação comercial no mundo, havia partido cerca de 45 minutos antes, mas retornou sob declaração de “Mayday” – a mensagem na frequência de comunicação que sinaliza uma emergência com risco de vida.
Ao comunicar um problema no sistema da aeronave e que teriam que retornar a Guarulhos, o comandante avisou também que o tanque estava cheio, e que, por isso, a aeronave estava muito pesada e havia risco para a aterrissagem em Guarulhos e que esta poderia ocorrer de forma brusca.
O passageiro J Andrade relatou ao Gazeta News os detalhes e a tensão pela qual todos os passageiros e a tripulação passaram.
"Aproximadamente 1 hora depois que saímos, já em voo, e muito acima de 10.000 pés, fomos surpreendidos com o anúncio do piloto dizendo que tinham identificado um problema mecânico na aeronave, e que teríamos que retornar ao aeroporto de Guarulhos. Naquele momento, o co-piloto, com a voz trêmula e indagada, avisou que estávamos com problema de pressão na aeronave e que as máscaras cairiam para utilização. Foi um horror, pois o medo pairava no ar e todos estavam assustados com o desfecho, colocamos as máscaras e notavelmente todos os comissários estavam nervosos e agindo rapidamente. Quando chegamos aos 10.000 pés de altura, foi autorizada a parada de utilização da máquina, pois a cabine já estaria normalizada. E nesse momento, fomos surpreendidos com a segunda mensagem de que teríamos uma aterrissagem de alto impacto, pois a aeronave estava cheia de combustível para chegar até NY", detalha.
Segundo Andrade, todos estavam muito nervosos, mas a equipe de voo sempre tentava acalmar os passageiros e o pouso ocorreu sem que ninguém ficasse ferido.
"Ao aterrissarmos a velocidade do avião me parecia bem intensa, e tinha a impressão de que a aeronave não pararia, mas felizmente, depois de um longo trecho de pista ela parou. Percebi que o piloto foi incrível, pois tudo indicava que o pior estava por vir. A aeronave teve que se manter distante e não tivemos autorização para aproximar do aeroporto, pelo que entendi tinha avaria externa e ainda estávamos em risco, por isso ninguém foi autorizado sair da aeronave até que estivesse resfriada e em distância segura, tanto que em determinado momento o piloto comentou que seríamos deslocados para uma outra área mais distante, mas não senti esse deslocamento. Continuamos na aeronave por mais de 1 hora, pois estavam jogando água na parte externa da aeronave, quando resfriou, nos deixaram sair rapidamente e fomos direcionados ao aeroporto", contou.
Pouso de emergência
Segundo o portal Aeroin, mesmo com os veículos de bombeiros já tendo se posicionando nas taxiways próximas à pista, o piloto ressaltou o chamado de “Mayday Mayday” após receber autorização de pouso, para garantir que o aeroporto estaria ciente e preparado para qualquer necessidade de atendimento emergencial durante o pouso.
O retorno ao solo provocou incêndio nos pneus dos trens de pouso. As pessoas a bordo da aeronave precisaram ficar confinadas até o controle das chamas pelos bombeiros. A aeronave ficou isolada em uma das pistas do aeroporto de Guarulhos.
Apesar disso, o pouso ocorreu em total segurança e sem intercorrências, com os pilotos taxiando normalmente o Boeing 777 para fora da pista. Os veículos dos bombeiros entraram na pista e seguiram o avião até o pátio, como é procedimento padrão em situações como essa.
Atendimento pós pouso
Ainda muito nervosos pelo susto, os passageiros reclamaram da assistência da American Airlines no aeroporto após o pouso de emergência.
"Na saída, não tinha ninguém da American Airlines para nos recepcionar, os checkins e escritório estavam fechados, e apenas nos deram um número de contato para remarcar o voo. E na saída do aeroporto, estavam com um voucher do hotel e táxi, para os que não eram de São Paulo", disse.
Para Andrade, foi uma noite inesquecível 'no mau sentido da palavra' e que não pretende viver novamente.
"Quando você passa por uma situação como essa, em que a sua vida passa na frente dos seus olhos, e você não tem controle do que acontecerá, só me restou enviar mensagem a minha família dizendo que os amava muito. Que bom que deu tudo certo e que tenho mais essa história de vida para contar…", finalizou.
A companhia aérea emitiu comunicado sobre o ocorrido:
"O voo 950 da American Airlines de São Paulo (GRU) para Nova York (JFK) retornou para GRU devido a um problema mecânico. A aeronave pousou em segurança e os clientes desembarcaram na pista de taxiamento antes de serem levados de ônibus para o terminal. Todos os clientes foram acomodados em hotéis. Nunca queremos atrapalhar os planos de viagem de nossos clientes e pedimos desculpas pelo inconveniente."