Antes de desaguar no mar, o Rio Amazonas banha inúmeras comunidades de várzea do Amapá e da Ilha do Marajó, no Pará. Casas esparsas sobre palafitas espalham-se entre o verde da paisagem florestal, mas, na Ilha das Cinzas, uma construção se destaca: é a nova agroindústria, onde frutos amazônicos serão beneficiados, antes de serem vendidos para a fabricação de cosméticos. Com o incremento de valor agregado, estima-se que a renda das famílias extrativistas aumente em cerca de 60%
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Durante a cerimônia de inauguração das instalações, no sábado passado (24), os irmãos Josi e Francisco Malheiros faziam questão de receber pessoalmente os convidados que chegavam de barco, com um sorriso largo nos lábios e, por vezes, os olhos marejados de emoção. Ela, com apenas 16 anos, foi uma das fundadoras da Associação dos Trabalhadores Agroextrativistas da Ilha das Cinzas (Ataic), no ano 2000. Ele, que tinha apenas 11 anos naquela época, hoje é o atual presidente da organização que vai gerenciar a agroindústria.
Quando a Ataic foi fundada, a comunidade trabalhava principalmente com a pesca de camarão, e a associação chegou a receber diversos prêmios pela criação de uma tecnologia social de manejo do crustáceo.
Pouco tempo depois, veio a ideia de investir na diversificação produtiva, primeiro com a colheita de açaí, para fins alimentícios, e depois com os frutos do patauá e as sementes de ucuuba e murumuru, utilizadas em cosméticos.