O arquiteto Tiago Coutinho da Silva foi surpreendido no último dia 21 de março enquanto assistia à cerimônia de lançamento do edital do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) que vai selecionar profissionais negros para criar um museu a céu aberto na Pequena África ? região carioca que guarda memória da chegada de africanos escravizados ao Brasil.
No meio do evento, sentado na plateia ao lado dos pais e da esposa, ele ouviu a diretora de Pessoas, Gestão e Operação do BNDES, Helena Tenório, anunciar o nome dele para subir ao palco.
“O primeiro colocado das cotas foi o primeiro colocado geral do concurso”, revelou a diretora.
Helena Tenório se referia ao concorrido concurso que o banco público de fomento realizou em outubro passado, depois de um intervalo de 12 anos sem seleções desse tipo. Ao disputar uma das duas vagas de arquiteto, Coutinho, que tinha optado por concorrer às vagas por cotas raciais, ficou em primeiro lugar na ampla concorrência em sua carreira e também tirou a maior nota entre todas as carreiras.
Tiago Coutinho dividiu o palco com três ministras negras: Anielle Franco, da Igualdade Racial; Macaé Evaristo, dos Direitos Humanos e da Cidadania; e Margareth Menezes, da Cultura.
“Não estava preparado. É muito mais fácil fazer uma prova”, brincou com a situação, antes de dizer que se sentia “um exemplo de representatividade e motivo de orgulho e inspiração para outras pessoas”.