O recuo dos Estados Unidos nas tarifas contra produtos brasileiros e nas sanções a autoridades do Judiciário tem menos a ver com vitórias diplomáticas do governo Lula e mais com a forma como Donald Trump passou a enxergar Jair Bolsonaro — como um “perdedor”.
A avaliação é do ex-embaixador norte-americano John Feeley, ex-integrante do Departamento de Estado e hoje diretor do Centro para a Integridade da Mídia das Américas. Em entrevista à BBC News Brasil, ele afirmou que, após a prisão do ex-presidente, Trump simplesmente o descartou: “Se há algo que Donald Trump não tolera são perdedores”.
Feeley descreve o republicano como imprevisível e “narcisista”, o que, segundo ele, torna negociações quase impossíveis — e diz que Lula “teve sorte” nos últimos meses.
Os EUA haviam imposto tarifas de 40% a produtos agrícolas brasileiros e incluído o ministro Alexandre de Moraes e sua esposa na lista de sanções da Lei Magnitsky. Segundo Feeley, a medida foi influenciada por lobby de Eduardo Bolsonaro. Em novembro, porém, Trump suspendeu tarifas e retirou os nomes da lista.
O diplomata também comentou o “bloqueio total” dos EUA a navios sancionados que entrem ou saiam da Venezuela. Para ele, a medida atinge o governo de Nicolás Maduro com mais eficácia do que ações anteriores, embora possa gerar efeitos colaterais sobre a população — que, afirma, sofre principalmente com o “desastroso modelo econômico” do regime.
Fonte: G1

