O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou nesta terça-feira (3) um decreto que eleva de 25% para 50% as tarifas de importação sobre aço e alumínio. A medida entrou em vigor nesta quarta-feira (4) e afeta diretamente o Brasil, segundo maior fornecedor de aço ao mercado americano.
Segundo o governo dos EUA, o aumento é necessário para proteger a saúde da indústria nacional e garantir a segurança econômica e de defesa do país. De acordo com o decreto, as tarifas anteriores não foram suficientes para conter o ingresso de produtos estrangeiros a preços baixos, o que prejudica a competitividade das siderúrgicas locais.
O Brasil será impactado especialmente nas exportações de aço semiacabado, um dos principais produtos vendidos aos EUA. Estes materiais são usados como base na produção de chapas, tubos e outros itens industriais. A nova tarifa, de 50%, não vale para o Reino Unido, que tem acordo bilateral com os EUA e manterá a alíquota de 25%.
Especialistas avaliam que a medida poderá ser devastadora para as exportações brasileiras. “É uma tarifa praticamente proibitiva, que será repassada aos preços. Os EUA não são autossuficientes e precisarão continuar importando certos tipos de aço”, afirmou Welber Barral, ex-secretário de comércio exterior.
Os dados de comércio mostram que o Brasil foi o segundo maior fornecedor em volume no ano passado, com 16% das exportações totais aos EUA, atrás apenas do Canadá. Em valor, ficou em terceiro lugar. Em janeiro deste ano, o Brasil chegou a liderar as exportações em volume, ultrapassando o Canadá.
Para o setor de alumínio, embora a participação brasileira nas importações dos EUA seja inferior a 1%, os norte-americanos representam quase 17% das exportações brasileiras do metal. A movimentação entre os dois países chegou a US$ 267 milhões neste ano.
A decisão de Trump ocorre durante a reta final de uma trégua tarifária de 90 dias que expira em julho. O governo dos EUA enviou cartas a países afetados solicitando propostas de acordo até esta quarta (4), incluindo o Brasil. Até o momento, o governo brasileiro e o Instituto Aço Brasil ainda não se pronunciaram.
A Casa Branca afirmou que o presidente Trump espera concluir bons acordos comerciais e está disposto a negociar, desde que os termos favoreçam a indústria americana.
Fonte: Folha de S.Paulo