Uma análise conduzida pela CBS News com o ex-agente federal Eric Balliet, que investigou casos de má conduta no uso da força por mais de duas décadas no Serviço de Imigração e Alfândega (ICE), revelou múltiplos episódios em que agentes federais teriam violado políticas oficiais durante protestos de imigração em várias cidades dos EUA.
Os vídeos — gravados por manifestantes e publicados online — mostram agentes usando spray de pimenta a curta distância, estrangulamentos e até veículos para empurrar pessoas, práticas proibidas pelas normas do Departamento de Segurança Interna (DHS), que autorizam força apenas quando “nenhuma alternativa segura e viável estiver disponível”.
“Isso não é o tipo de policiamento que pratiquei por 25 anos”, afirmou Balliet. Segundo ele, disparos de munições “menos letais” contra a cabeça e o tronco de manifestantes indicam falta de treinamento e uso excessivo da força. Em um dos vídeos, um padre é atingido na cabeça por uma bala de pimenta disparada do alto de um prédio do ICE em Illinois.
Apesar disso, o comandante Gregory Bovino, responsável pelas operações em Chicago, defendeu os agentes: “Se alguém entra no caminho de uma bala de pimenta, o problema é dele. Não proteste e não invada propriedade federal”, disse. Nenhum agente foi punido.
Outros vídeos mostram sprays químicos usados diretamente no rosto de manifestantes em Portland e Los Angeles, sem sinais de resistência física, o que viola a política do DHS. Há ainda registros de veículos federais empurrando pessoas, algo que Balliet classifica como “uso de força letal”, e estrangulamentos, proibidos exceto em situações extremas.
A juíza Sara L. Ellis, do tribunal federal de Chicago, emitiu uma ordem temporária proibindo o uso de gás lacrimogêneo e armas “menos letais” sem ameaça imediata. A administração Trump recorreu da decisão.
Balliet alertou que a falta de responsabilização “causará danos irreparáveis à confiança pública nas forças de segurança”. O DHS, em nota, afirmou que seus agentes “usam o mínimo de força necessário” e que enfrentam “perigos reais”, como agressões e destruição de veículos durante os protestos.
Fonte: CBS

