O número de imigrantes sob custódia do Serviço de Imigração e Alfândega dos Estados Unidos (ICE) atingiu nesta semana a marca recorde de 66 mil pessoas, segundo dados internos do Departamento de Segurança Interna (DHS) obtidos pela CBS News. É o maior número já registrado desde a criação da agência, refletindo o endurecimento das políticas migratórias no segundo mandato do presidente Donald Trump.
Desde janeiro, quando o republicano reassumiu o cargo, o total de detentos cresceu quase 70% — passando de 39 mil para 66 mil. O recorde anterior havia sido alcançado em 2019, também sob Trump, quando o ICE chegou a deter cerca de 56 mil pessoas simultaneamente.
O sistema de detenção, antes baseado em prisões privadas e cadeias municipais, agora inclui instalações militares e centros de detenção em estados liderados por republicanos, adaptados para abrigar imigrantes à espera de deportação. Atualmente, a agência tem capacidade para 70 mil leitos, e o governo pretende ampliar para100 mil, com recursos do pacote legislativo “One Big Beautiful Bill Act”, que destinou US$ 45 bilhões à expansão das detenções.
De acordo com os dados do DHS, metade dos detidos — cerca de 33 mil — não possui acusações ou condenações criminais, sendo classificados apenas como “violadores de imigração”. O restante tem algum tipo de antecedente, embora não esteja claro quantos são por crimes violentos. Especialistas afirmam que o aumento se deve à ampliação do escopo das prisões, que agora incluem imigrantes sem antecedentes que não eram os alvos originais das operações.
“O cerco se expandiu enormemente por causa das prisões colaterais”, explicou Muzaffar Chishti, do Migration Policy Institute. Ele também alertou que a rápida expansão pode levar à deterioração das condições** nas unidades do ICE.
Na quarta-feira, um juiz federal de Chicago ordenou que o ICE corrigisse o que chamou de “condições sérias” em uma unidade de processamento em Broadview, Illinois — exigindo a oferta de colchonetes limpos, alimentação adequada, produtos de higiene e acesso a telefone. O DHS negou irregularidades, afirmando que a agência “atua com diligência para evitar superlotação e garantir segurança pública”.
A porta-voz do DHS, Tricia McLaughlin, afirmou que 70% dos imigrantes presos pelo ICE desde o início do novo mandato têm “condenações criminais ou acusações pendentes” e ressaltou que muitos são procurados por crimes em seus países de origem.
Apesar das críticas, o governo Trump segue com metas agressivas: 3 mil prisões por dia e 1 milhão de deportações por ano. Desde janeiro, o ICE realizou 278 mil prisões e 380 mil deportações, números que sobem para 570 mil repatriações quando somados aos registros da Patrulha de Fronteira.
Fonte: CBS

