Mulheres imigrantes relataram ter sofrido abusos, negligência médica e maus-tratos enquanto estavam sob custódia da Imigração e Alfândega dos EUA (ICE), segundo uma carta enviada nesta quarta-feira (22) à agência e a comissões do Senado por um grupo de organizações de direitos humanos, incluindo a ACLU (União Americana pelas Liberdades Civis).
As entidades denunciam casos de grávidas algemadas durante abortos espontâneos, privadas de atendimento médico e mantidas em solitária, além de receberem alimentação de má qualidade e não terem acesso a vitaminas ou acompanhamento pré-natal. “Esses relatos são apenas a ponta do iceberg”, afirmou Eunice Cho, advogada sênior da ACLU. “Temos mulheres suplicando por cuidados básicos e sendo ignoradas.”
O documento cita os casos de Lucia e Marie (nomes fictícios). Lucia descreveu ter sangramento intenso e fortes cólicas em um centro de detenção da ICE, mas só foi atendida horas depois, já com perda significativa de sangue. Mesmo após sofrer um aborto e precisar de transfusão, ela foi devolvida algemada ao centro de detenção.
Marie, detida após um problema com seus documentos de viagem, contou ter sido colocada em confinamento solitário porque os agentes duvidaram de sua gravidez. Segundo o relato, ela não recebeu alimentação adequada nem vitaminas, foi vacinada sem consentimento e ignorada ao pedir ajuda médica. Após sua libertação, sofreu complicações graves, como eclampsia, e ainda enfrenta depressão pós-parto.
As organizações pedem que a ICE identifique e liberte todas as mulheres grávidas sob custódia e cesse a detenção de gestantes, puérperas e lactantes, em linha com uma diretriz federal que recomenda essa medida — ainda vigente, embora com aplicação limitada.
O Departamento de Segurança Interna (DHS) não respondeu ao novo pedido de comentários, mas, em nota anterior, negou as denúncias, afirmando que os centros da ICE oferecem alimentação adequada, tratamento médico e acesso a advogados e familiares.
Segundo os grupos signatários, porém, o número de mulheres grávidas em detenção tem aumentado desde o endurecimento das políticas migratórias, e o ambiente atual é de “detenção prolongada e imprevisível, com efeitos devastadores à saúde física e mental”.
Fonte: NBC

