Quando Donald Trump assumiu a presidência, os EUA já tinham o maior sistema de detenção de imigrantes do mundo, com cerca de 50 mil vagas. Mas documentos internos obtidos pelo Washington Post mostram que a meta é dobrar essa capacidade ainda este ano, chegando a mais de 107 mil pessoas até janeiro. O plano inclui a abertura ou ampliação de 125 unidades, transformando prisões desativadas, áreas militares e novas estruturas conhecidas como “soft-sided”, erguidas em poucas semanas.
A expansão é financiada por um orçamento recorde de US$ 45 bilhões, aprovado pelo Congresso, que fortalece contratos bilionários com empresas privadas como Geo Group e CoreCivic, que devem dobrar suas receitas anuais com a ICE. Texas, Louisiana, Califórnia e Geórgia continuarão concentrando a maior parte das vagas, mas estados como Oklahoma, Minnesota e Carolina do Norte também receberão novas instalações.
O plano prevê ainda um salto no número de famílias detidas. Estão em andamento projetos para três centros de custódia familiar, totalizando mais de 5.700 leitos — incluindo uma instalação em Brownsville (Texas), com capacidade para 3.500 pessoas. Críticos afirmam que a prática gera traumas e viola direitos infantis, apesar de o governo alegar que segue normas federais para tratamento de menores.
Outro ponto de destaque é o avanço dos mega-centros, com mais de mil detentos cada. Até o fim do ano, a ICE deve ter 49 dessas unidades, contra 29 em julho. Estruturas provisórias, como as já instaladas em Fort Bliss (Texas), também fazem parte da estratégia. Para opositores, além da sobrecarga humanitária, comunidades locais enfrentam dilema entre ganhos econômicos e o peso moral de sediar centros de deportação em massa.
Fonte: Washington Post