A administração Trump está utilizando a base naval de Guantánamo, em Cuba, para deter dezenas de imigrantes vindos de 26 países e seis continentes, incluindo indivíduos com condenações criminais graves, segundo confirmou o Departamento de Segurança Interna dos EUA (DHS) nesta terça-feira.
A medida faz parte de uma expansão da estratégia do governo de usar centros de detenção controversos para desencorajar a imigração ilegal. Até recentemente, Guantánamo era usada apenas para deter migrantes latino-americanos à espera de deportação. Agora, abriga estrangeiros de países como Brasil, China, Rússia, Etiópia, Vietnã, Reino Unido, entre outros.
Segundo o DHS, 72 imigrantes estão atualmente detidos na base — 58 deles classificados como de “alto risco”, por terem histórico criminal, e 14 considerados de “baixo risco”. Os de alto risco são mantidos no complexo prisional Camp IV, já usado para prisioneiros da chamada guerra ao terror. Os demais estão no Migrant Operations Center, uma instalação semelhante a um alojamento.
Os crimes entre os detentos incluem homicídio, abuso sexual (inclusive infantil), sequestro, tráfico de drogas e assalto à mão armada. Todos têm ordens finais de deportação. A base já recebeu 663 imigrantes desde o início da operação, em fevereiro.
Segundo a Casa Branca, a iniciativa busca tirar criminosos das ruas americanas. “Quer estejam em CECOT, no Alligator Alcatraz ou em Guantánamo, esses criminosos perigosos não aterrorizarão os cidadãos americanos”, disse Tricia McLaughlin, secretária-assistente de Comunicação do DHS.
A decisão, porém, causou protestos de democratas e defensores de direitos civis, que denunciam o uso de Guantánamo para detenções migratórias como uma prática punitiva e ilegal. Argumentam ainda que a base, localizada fora do território americano, não poderia ser usada para esse fim. A ACLU (União Americana pelas Liberdades Civis) entrou com ação judicial para barrar os envios.
O Departamento de Defesa informou ao Congresso que já gastou US$ 21 milhões com o transporte de detentos para Guantánamo. A operação conta com mais de 650 funcionários entre militares e agentes do DHS.
Fonte: CBS