A ofensiva do governo Trump contra a imigração ilegal está levando o Immigration and Customs Enforcement (ICE), órgão encarregado de prender e deportar imigrantes sem documentos nos EUA, a um colapso financeiro. Com gastos desenfreados e metas agressivas de detenções diárias, o ICE já ultrapassou o orçamento em cerca de US$ 1 bilhão — faltando ainda mais de três meses para o fim do ano fiscal.
O Departamento de Segurança Interna (DHS), ao qual o ICE está subordinado, já deslocou US$ 500 milhões de outras áreas para cobrir os custos, mas ainda precisa de pelo menos mais US$ 2 bilhões até setembro. Segundo parlamentares de ambos os partidos, o ritmo de gastos atual pode levar o DHS a violar a Lei de Antideficiência, que proíbe o uso de verbas não autorizadas pelo Congresso.
A situação reacendeu o debate em torno do projeto de lei apelidado por Trump de "Big Beautiful Bill", que direcionaria cerca de US$ 75 bilhões ao ICE ao longo de cinco anos. Enquanto isso, cresce a possibilidade de o presidente recorrer novamente à decretação de emergência nacional para realocar recursos — como já fez em 2020, quando transferiu bilhões do Pentágono para construir o muro na fronteira.
O ICE enfrenta superlotação em centros de detenção, que já ultrapassaram a capacidade de 41 mil camas. Mesmo assim, a administração Trump continua pressionando para alcançar a meta de 3 mil prisões diárias, patamar inédito na história da agência.
Críticos, como o senador Chris Murphy (D-Conn.), acusam o DHS de “gastar como marinheiros bêbados”, enquanto o republicano Mark Amodei (R-Nev.) alerta que o órgão pode estar perto de cometer ilegalidades orçamentárias. “Eles estão gastando cerca de US$ 1 bilhão a mais do que autorizamos, e isso é ilegal”, afirmou Murphy.
A Casa Branca, por sua vez, vem testando os limites legais para ampliar sua autoridade sobre o orçamento federal. Além da falta de transparência na alocação de recursos, também foram identificadas manobras para reter verbas já aprovadas pelo Congresso.
Em meio à crise, senadores republicanos e democratas negociam um possível socorro emergencial, mas ainda sem consenso. A senadora Katie Britt (R-Ala.), presidente do subcomitê de verbas do DHS, classificou a situação como “um trabalho em andamento”. Já a secretária assistente do DHS, Tricia McLaughlin, defendeu a proposta de Trump como “essencial para garantir a segurança do país por gerações”.
Fonte: AXIOS