Transformar o bordado clássico em arte contemporânea com um olhar socioambiental. Há três décadas uma família mineira de Pirapora usa linhas e criatividade para contar histórias e retratar paisagens
. Uma das obras ganhou notoriedade nos últimos meses depois que foi entregue como presente pelo presidente Lula para o imperador japonês Naruhito.
O quadro intitulado “Vereda do Galhão” é inspirado no Cerrado, da região Norte de Minas Gerais. A obra representa os buritis, que são palmeiras enormes, majestosas, e só brotam em veredas, onde tem água e nascentes. A tela de 1,5 metro de comprimento por 1 metro de largura levou cerca de oito meses para ser bordada.
A criação é do artista plástico Demóstenes Dumont Vargas Filho e suas quatro irmãs que compõem o Grupo Matizes Dumont: Marilu, Marta, Ângela e Sávia Dumont. Elas bordaram a tela, com fios nacionais e importados, em lãs, seda e algodão.
Uma das artistas que bordaram a obra, Sávia Dumont, conversou com a comunicadora Mara Régia, apresentadora do programa Natureza Viva, da
Rádio Nacional da Amazônia.
Sávia contou a Mara Régia que foi uma alegria muito grande a escolha da obra pelo Itamaraty para ser presenteada ao Imperador do Japão.
“Foi uma alegria muito grande. Nosso trabalho é muito ligado a natureza, especial ao Cerrado. Nós nascemos no norte de Minas Gerais, onde o Cerrado é muito forte. Existem veredas belíssimas. E, ao bordar essa vereda, que se chama Vereda do Galhão, que é uma vereda linda, enorme, lá perto da cidade onde a gente nasceu, Pirapora. Nós demoramos muitos meses para fazer. Foi muito lindo ter esse trabalho escolhido para presentear o Imperador do Japão”, disse.
Conhecida como árvore da vida pelos povos originários, mais do que uma planta, o buriti é um ecossistema“O buriti nasce na vereda. Ele não nasce em qualquer lugar no Cerrado. Isso para nós é muito importante porque a gente sabe que é necessário preservar a Vereda e isso é preservar a vida. Por isso mesmo essa majestosa e maravilhosa planta nasce somente na vereda. Ela não nasce em qualquer lugar. Ela nasce onde tem água, onde há uma nascente.”
. Suas folhas fornecem abrigo para pássaros, são usados no telhado de casas, transformam-se em material para artesanato e seus troncos e frutos são fontes de alimento e óleo medicinal.