Adaptado do premiado romance de Jordan Harper, “She Rides Shotgun”, que já está em cartaz nos cinemas, acompanha a história de um pai e uma filha, mas não no sentido sentimental. Também não se trata de uma candidatura ao prêmio de Pai do Ano. O diretor Nick Rowland, que coescreveu o roteiro com Ben Collins e Luke Piotrowski, evita qualquer coisa que se assemelhe à fofura, ternura. Trata-se de um drama policial tenso e cru sobre um homem e sua filha fugindo da lei. O resultado é autêntico, inabalável e emocionalmente carregado, ancorado pelas atuações poderosas do ator Taron Egerton e da atrzi mirim estreante Ana Sophia Heger. Rob Yang, John Carroll Lynch, Odessa A'zion e David Lyons também estão no elenco.
O filme começa com Polly (Heger), de 8 anos, esperando do lado de fora da escola. Embora seus pais frequentemente se atrase, algo parece diferente desta vez. Uma professora preocupada oferece a ela para ligar para a mãe, mas Polly insiste que sua mãe está a caminho. Em vez disso, seu pai, Nathan (Egerton), aparece. Recém-saído da prisão e visivelmente nervoso, Nathan não está apenas vindo buscá-la — ele está arrastando-a para as consequências de algo terrível que ele fez. A polícia está atrás dele, e agora Polly está no fogo cruzado.
No espírito de road movie como ‘The Road’ de 2009, “She Rides Shotugun” é um filme em que a culpa, violência e confiança quebrada substituem momentos de união. Nathan é um homem movido pela raiva e pelo arrependimento, e embora Polly não entenda completamente o que está acontecendo, suas crescentes suspeitas revelam uma intuição aguçada para sua idade. A tensão aumenta não apenas com a polícia os perseguindo, mas também com o acerto de contas emocional entre um pai danificado pela vida e sua filha.
O longa consegue equilibrar seus três atos com precisão. O primeiro explora a frágil dinâmica entre pai e filha. O segundo apresenta um agente do FBI (interpretado por Rob Yang) determinado a resgatar Polly. O ato final aperta o cerco, envolvendo um policial corrupto e um violento grupo nacionalista branco liderado pelo arrepiante John Carroll Lynch, forçando Nathan a um confronto com o passado que o levou à prisão. Esses fios da trama se fundem em uma mistura envolvente de suspense e estudo de personagens. Embora as personagens sejam ricas e emocionalmente equilibrados, faltaram algumas informações do passado do Nathan e a relação dele com o irmão para ficar mais completo.
Egerton entrega uma de suas atuações mais fortes até o momento, deixando de lado o astro de ação para uma performance mais crua e vulnerável. Mas quem rouba a cena é Heger, cuja precisão emocional sinaliza um futuro promissor. Ela entrega uma das melhores atuações de uma jovem atriz deste ano. A direção de Rowland privilegia o realismo pé no chão em detrimento do brilho. Embora o filme pudesse se beneficiar de mais algumas cenas para amplificar as emoções, os cenários parecem táteis e vividos.
Visualmente, o longa entrega algo gigante e demonstra que Rowland tem um talento maduro. Há uma sequência de perseguição em que Polly corre em close-up enquanto um tiroteio acontece atrás dela, algo que poderia ser ensinado em escolas de cinema pelo seu equilíbrio entre tensão, emoção e clareza visual. O deserto do estado do Novo México se torna outra personagem, tão abrasivo quanto belo, e a fotografia reforça a sensação de que tudo está no limite: da temperatura, da violência e do tempo.
“She Rides Shotgun” é uma história de tirar o fôlego. E não se trata apenas de um thriller de ação. É também uma reflexão sobre a culpa e o custo real de você ter uma segunda chance na vida. Não é um filme fácil de assistir, mas vale a pena.