Não há nenhuma adaptação cinematográfica live-action que supere suas versões animadas. Mas algumas conseguem chegar perto o suficiente para justificar a compra de uma entrada ao cinema e, felizmente, “Lilo & Stitch”, que estreia nas telonas no dia 23 de maio, é uma delas. Essa versão live-action teve a oportunidade de dar um passo adiante e trazer a beleza e a cultura do Havaí e a faz com maestria, capturando a emoção e a nostalgia do original.
Dirigido por Dean Fleischer Camp (o mesmo que dirigiu o maravilhoso “Marcel the Shell with Shoes On” de 2021), o longa conta a história da amizade entre uma solitária menina e um alienígena fugitivo que parece um cachorro. Stitch, o experimento 626, é um extraterrestre expressivo que é adotado como animal de estimação por Lilo uma rebelde garota havaiana, e juntos eles descobrem o significado de família. O jeito extrovertido de Lilo mais do que corresponde à energia caótica do pequeno monstro peludo e impulsivo que está sendo caçado pelos agentes da Federação Galáctica Unida. A amizade incomum entre os dois provoca uma série de confusões e problemas até com a assistente social que cuida de Lilo, observando seu bem-estar ao lado da irmã Nani, sua tutora legal desde a morte dos pais. Eles também são perseguidos pelo cientista criador de Stitch, Dr. Jumba Jookiba, e pelo especialista em planeta Terra, Agente Pleakley. Juntos, eles descobrem o que significa ser bom e o significado de encontrar uma família.
A trama não é uma cópia exata da animação, mas vemos cenas reproduzidas quadro a quadro do famoso clássico de 2002. Teve alguns ajustes nas histórias para dar mais profundidade as personagens, especialmente ao comovente vínculo fraternal entre Lilo e sua irmã Nani. No verdadeiro espírito das comunidades havaianas, Nani e Lilo também contam com seus vizinhos Tt e David. Uma curiosidade, a palavra ‘Ohana’ não significa apenas família de sangue; significa que todos são considerados família; muito similar a nossa cultura brasileira.
Muitas das mudanças funcionam, especialmente os sacrifícios de Nani, que deixa de lado seus sonhos, para cuidar da pequena Lilo. Nani é interpretada por Sydney Agudong que brilha na sua atuação, dando à personagem mais camadas para explorar.
Embora “Lilo & Stitch” seja o título do filme, o relacionamento de Lilo e Nani entregam as cenas mais emocionantes do filme. O fato de Kealoha ter uma boa química com Agudong, as cenas ficam mais verdadeiras e acreditamos realmente que elas sejam amorosas irmãs que, frequentemente, se irritam uma com a outra.
Mas o que me conquistou mesmo foi a atuação da atriz mirim Maia Kealoha. Ela é uma estrela e rouba todas as cenas em que aparece. Ela captura a essência da personagem sem esforço, dando vida a Lilo com humor e leveza. É surpreendente que alguém daquela idade, em sua estreia nas telonas, traga tanto carisma para a tela, mas Kealoha acerta em cheio. No papel da assistente social Sr. Kekoa está a havaiana Tie Carrere, que dublou Nani no original, trazendo uma representação fiel dos assistentes sociais e suas tentativas de garantir o bem-estar das crianças.
O roteiro foi escrito por Chris Kekaniokalani Bright e Mike Van Waes e foi adaptado do roteiro original Dean DeBlois e Chris Sanders. Stitch foi dublado por Chris Sanders, que também emprestou sua voz para o original.
Os elementos do live-action misturados com CGI (computação gráfica) são bem executados ao longo do filme. A interação de Stitch com os atores e cenários parece real e natural, incluindo a cena onde Stitch dirige um carro elétrico infantil. Os detalhes de Stitch, Jumba e Pleakley são extremamente realistas, desde os pelos nas costas de Stitch até os dedos gelatinosos de Pleakley ao tocar o braço de um humano para obter seu DNA para seu disfarce. Era como se Stitch e os alienígenas tivessem ganhado vida, incluindo o popular animal marinho, o agente alienígena com aparência de axolote, que está animado com a potencial destruição da Terra.
Para completar, “Lilo & Stitch” é uma boa adaptação live-action que carrega a doçura e a alma do original, oferencedo as personagens mais autenticidade e dimensão. O amor crescente entre Stitch e Lilo é tocante à medida que ambos aprendem o que significa ser uma família. Stitch, criado para destruir, percebe que não é tão mau assim.