Invasão indígena, ausência dos EUA e Argentina, e o fiasco da festa oficial transformaram a conferência em um vexame internacional
O COP 30 tinha tudo para consolidar o Brasil como protagonista nas discussões globais sobre clima e sustentabilidade. Em vez disso, o país assistiu à transformação do evento em um espetáculo de improviso, falta de comando e exposição internacional de nossas fragilidades estruturais e diplomáticas. O encontro, que deveria simbolizar liderança, tornou-se um dos momentos mais constrangedores da diplomacia brasileira recente.
Invasão indígena escancara falha de segurança
Logo nos primeiros dias, grupos indígenas romperam barreiras de acesso e invadiram áreas restritas do evento. A cena transmitida internacionalmente mostrava empurra-empurra, interrupções de coletivas e autoridades incapazes de controlar a situação. A invasão revelou a completa falta de planejamento e expôs ao mundo a incapacidade de se manter segurança mínima em um encontro global. Diplomatas estrangeiros ficaram atônitos diante de um ambiente que beirou o caos.
EUA e Argentina: ausências que falaram mais alto
A ausência dos Estados Unidos a nação mais influente do planeta foi interpretada como um recado político direto: não houve confiança suficiente na condução brasileira do evento. A Argentina seguiu o mesmo caminho, optando por não validar a conferência em seu formato atual. Sem essas duas presenças-chave, o COP 30 perdeu peso diplomático e enfraqueceu qualquer possibilidade de acordos com impacto real. A sensação prevalente foi a de isolamento político e falta de credibilidade.
A festa oficial vira caso internacional: luxo, caos e falta do básico
O ponto mais simbólico do fiasco foi a festa organizada pela primeira-dama Janja. Apesar do alto custo com decoração de luxo, equipe contratada a preço elevado e produção tratada como evento de gala — a estrutura básica simplesmente não funcionou.
Convidados estrangeiros relataram falta de água até nos bares, ausência de água nos banheiros, ar-condicionado quebrado deixando os ambientes abafados, filas intermináveis para comida e bebida, e um serviço completamente desorganizado. O contraste entre gastos elevados e ausência do básico gerou críticas severas na imprensa internacional e ampliou a percepção de que o Brasil priorizou aparência em vez de eficiência.
O mundo esperava firmeza, liderança e competência. O que se viu foi improvisação, exposição desnecessária e um enorme desperdício de oportunidade. Em vez de se apresentar como protagonista responsável e preparado, o Brasil mostrou fragilidade institucional, falta de planejamento e uma incapacidade preocupante de coordenar um evento que deveria ser referência internacional. Essa discrepância entre expectativa e entrega ficou evidente em cada etapa da conferência: desde a segurança comprometida até a ausência de delegações estratégicas, passando pela desorganização logística e pelas falhas estruturais que comprometeram a imagem do país perante autoridades, imprensa e sociedade civil global.
O Brasil saiu menor, enfraquecido e marcado por um vexame que entrará para a história como a conferência que não soube se organizar e nem mostrar seriedade diante dos desafios globais. A percepção externa foi de um país que não conseguiu demonstrar autoridade, responsabilidade nem capacidade técnica para liderar debates de alta complexidade. Em vez de fortalecer seu papel no cenário climático, o país reforçou a sensação de isolamento político e despreparo administrativo, perdendo uma oportunidade histórica de se consolidar como articulador de soluções reais e de conquistar respeito entre as nações.
A repercussão internacional reforçou esse desgaste: veículos de imprensa, especialistas e representantes estrangeiros ressaltaram a contradição entre o discurso oficial e a prática desorganizada, expondo um Brasil que falhou justamente no momento em que precisava mostrar maturidade e competência. O fiasco da infraestrutura, a condução política inconsistente e o simbolismo negativo dos episódios ocorridos durante o COP 30 criaram uma narrativa global de descrédito, que dificilmente será revertida sem mudanças profundas.
Em termos de legado, o COP 30 deixa ao país não um marco de avanço climático, mas uma reflexão amarga sobre responsabilidade, preparo e prioridades. O Brasil teve todas as condições para brilhar e mostrar força, mas preferiu entregar improviso, confusão e um espetáculo que, em vez de elevar sua imagem, a comprometeu. A conferência que deveria ser vitrine virou espelho: revelou, para o mundo, as fragilidades que insistimos em esconder internamente. E, por isso, será lembrada como um dos episódios mais constrangedores da diplomacia brasileira contemporânea.

