Os últimos dias na Flórida foram de frenesi no universo dos esportes. O Miami Open, que só termina no dia 30 de março, movimentou a Cidade Mágica e até botou o Brasil nos holofotes, com a grande participação da mais nova estrela do tênis, o carioca João Fonseca.
O evento, no entanto, contou com a presença de uma outra brasileira notável. Silvana Baccin é natural de Bento Gonçalves, no Rio Grande do Sul, e, desde muito jovem, o esporte esteve presente em sua vida. Aos nove anos, começou a jogar vôlei e logo se destacou, fazendo parte das seleções de vôlei de sua região. Porém, um desafio inesperado mudaria sua trajetória: a doença renal policística, uma condição genética e degenerativa, que aos 50 anos a fez perder a função renal e necessitar de um transplante de rim.
Em março de 2014, Silvana passou pela cirurgia de transplante, realizada em Joinville, Santa Catarina, e o processo de recuperação iniciou. Apenas três meses depois, ela encontrou uma nova paixão: o tênis. Inicialmente, as aulas com a filha tinham o objetivo de ser uma forma de terapia, para movimentar o corpo e melhorar a saúde, mas logo o esporte a conquistou. Silvana, que ainda tentou voltar ao vôlei, encontrou no tênis o equilíbrio perfeito entre a prática esportiva e a necessidade de recuperação, já que o vôlei exigia um esforço físico maior e causava lesões devido à sua intensidade.
Com dedicação e disciplina, ela continuou a evoluir no tênis, até que em 2019 descobriu uma nova oportunidade: os Jogos para Transplantados. Silvana, em sua jornada, se conectou com pessoas das mais diferentes nacionalidades e faixas etárias, que, como ela, passaram por grandes dificuldades, e encontrou no esporte uma forma de ativismo pela doação de órgãos.
"O transplante, apesar da gente ter uma interpretação temerosa, e foi muito difícil o processo sim, me trouxe muitas coisas boas", explica. "Hoje sou mais tranquila, com maior fé, maior empatia e gratidão. Muita gratidão à vida e à doação de órgãos."
Ainda em 2019, participou do seu primeiro Campeonato Brasileiro de Transplantados. Em 2022, voltou a competir, e em 2023 teve a honra de representar o Brasil na Austrália, no Mundial de Transplantados. O evento é reconhecido pelo Comitê Olímpico Internacional, tornando Silvana uma verdadeira atleta olímpica. Ela competiu ao lado de outros atletas transplantados, cujas histórias de vida são repletas de desafios e vitórias.
"Foi muito maravilhosa a minha participação em 2023. Eu estava deslumbrada. Poder competir e interagir com pessoas de todo o mundo que passaram por uma experiência parecida com a sua, é uma celebração da vida mesmo."
Com um novo objetivo no horizonte, Silvana se prepara para representar o Brasil novamente, agora em Dresden, na Alemanha. No entanto, ela enfrenta um grande obstáculo: a falta de patrocínio. Os custos de sua participação, que incluem passagens, estadia e alimentação, podem chegar a R$ 30 mil. Por isso, a brasileira busca apoio para seguir sua jornada e continuar a inspirar outras pessoas com sua história de superação e determinação. Você pode acompanhá-la através das redes sociais como @silvana_baccin.