Na escola aprendemos a ler e a escrever. Desenvolvemos conhecimentos sobre diferentes matérias, nos entediamos, adquirimos amigos e inimigos; e, algumas vezes, alcançamos alguma orientação sobre como pensar, ou seja, sobre o próprio processo do pensamento, em particular sobre o nosso, sobre como pensamos e "dispensamos", nos perdemos em pensamentos sem direção e nos reencontramos. Assim haveria de ser, pelo menos. Mas sobretudo, hoje nas escolas adquirimos regras, comportamentos pré-determinados e modos-de-ser pré-confeccionados. Entretanto, não somos robôs.
Precisamos mais do que manuais sobre como Ser. Uma pessoa não pode encontrar a felicidade seguindo trilhas dadas, e não há fórmulas para interpretar um ser humano.
Quando é que uma pessoa aprende a respeito do que sente? Como pode ela descobrir como lidar com suas sensações interiores e sentimentos, como entender seus pensamentos para saber qual resposta dar ao mundo, aos outros, aos muitos e contínuos desafios de cada dia? E o que dizer dos sonhos? E daquele sentimento de que há alguma coisa espreitando por dentro e tentando se comunicar conosco e que tememos? De todo aquele mundo de coisas que não parecem fazer sentido e que, entretanto, sentimos e persistem a nos cutucar nos assombrando? O que fazer disso tudo?
Para saber o que fazer disso precisa em primeiro lugar entender "o que é isso".
Infelizmente, não existe um lugar oficial e público para esse tipo de aprendizado. Quem quiser evitar fórmulas prontas, e realmente chegar a entender quem é, vai precisar sair do caminho coletivo e direcionar-se para a educação psicológica. Sem ela não somos que meros repetidores do sistema, podemos aparentar ser diferentes mas no fundo não somos. É só aparência.
A educação psicológica ensina a linguagem do mundo interior, ajuda uma pessoa a entrar em contato com o universo da subjetividade e a educa a caminhar ao lado de si própria, superando a baixa autoestima, as vergonhas, as dúvidas. A educação psicológica permite, também, o aprendizado da coragem e da autoafirmação, desenvolve a inteligência cognitiva e emocional junto à habilidade de entender os outros. Melhora a sensibilidade, dispara a sede pela vida e a força de vontade, além de promover uma atitude amorosa para consigo, os outros e o mundo.
Não, não é uma religião. Não acredito em religiões como substitutas de uma boa terapia. Se assim forem abordadas (como muitas vezes acontece) elas não são nada mais do que mais um caminho pré-determinado, mais uma receita pronta, bonitinha e com fitinhas para alcançar o que só se pode de fato reconhecer através do seu se encarar. É você com você. Sem mediações, sem a interpretação do pastor, do padre, do guru, do livro. Você pode aceitar orientações (desde que criticamente), ler e saber de outros pontos de vista, mas a resposta final e verdadeira, que vai caber em você como uma roupa feita sob medida é só sua. É no encontro entre você e você mesmo, naquela intimidade na qual não cabe ninguém além de você mesmo, é nesse lugar que você tem uma chance de encontrar Deus ou qualquer coisa que você relacione a este nome. Esqueça dos outros. Esqueça do mundo.
E para chegar ao espiritual verdadeiro, profundo e sincero, é preciso passar pela psicologia. Somente o trabalho psicológico nos permite sair das coisificações teórica de credos e crenças.