A Organização Mundial da Saúde convocará um comitê de emergência de especialistas para determinar se o surto de varíola dos macacos em expansão que misteriosamente se espalhou para fora da África deve ser considerado uma emergência de saúde global.
O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, disse nesta terça-feira, 14, que decidiu convocar o comitê de emergência em 23 de junho porque o vírus mostrou um comportamento recente “incomum” ao se espalhar em países muito além de partes da África onde é endêmico.
“Acreditamos que também precisa de uma resposta coordenada por causa da dispersão geográfica”, disse ele a repórteres.
Declarar a varíola dos macacos como uma emergência de saúde internacional daria a mesma designação que a pandemia de COVID-19 e significaria que a OMS considera a doença normalmente rara uma ameaça contínua aos países em todo o mundo.
O Reino Unido disse na segunda-feira, 13, que tinha 470 casos de varíola em todo o país, com a grande maioria em homens gays ou bissexuais. Cientistas britânicos disseram na semana passada que não sabiam dizer se a propagação da doença no Reino Unido havia atingido o pico.
A reunião de especialistas externos também pode ajudar a melhorar a compreensão e o conhecimento sobre o vírus, disse Tedros, enquanto a OMS divulgou novas diretrizes sobre a vacinação contra a varíola.
Dr. Ibrahima Soce Fall, diretor de emergências da OMS para a África, disse que a contagem de casos está crescendo a cada dia e as autoridades de saúde enfrentam “muitas lacunas em termos de conhecimento da dinâmica da transmissão” – tanto na África quanto além.
A agência de saúde da ONU não recomenda a vacinação em massa, mas aconselha o uso “judicioso” das vacinas. Ele disse que o controle da doença depende principalmente de medidas como vigilância, rastreamento de casos e isolamento de pacientes.
No mês passado, um importante conselheiro da OMS disse que o surto na Europa e além provavelmente foi espalhado por sexo em duas festas rave recentes na Espanha e na Bélgica.
Os cientistas alertam que qualquer pessoa, independentemente da orientação sexual, é suscetível a pegar varíola se estiver em contato físico próximo com uma pessoa infectada ou com suas roupas ou lençóis.
A OMS tem trabalhado com países parceiros para criar um mecanismo pelo qual algumas vacinas para a varíola – uma doença relacionada – possam ser disponibilizadas aos países afetados, à medida que as pesquisas continuam sobre sua eficácia contra o novo surto.
Tedros disse que mais de 1.600 casos e quase 1.500 casos suspeitos foram relatados este ano em 39 países, incluindo sete onde a varíola dos macacos foi relatada há anos. Um total de 72 mortes foram relatadas, mas nenhuma nos países recentemente afetados, que incluem Grã-Bretanha, Canadá, Itália, Polônia, Espanha e Estados Unidos.
O surto contínuo de varíola na Europa e em outros lugares marca a primeira vez que a doença se espalha entre pessoas que não têm ligações de viagem à África. Fonte: Associated Press.
