O centro de Miami está passando por uma transformação tão grande que não dá mais para ser ignorado. A região está ficando densa, com prédios mais altos e, à medida que a cidade cresce, as construtoras investem pesado na região. Com isso, empregadores e funcionários olham essa parte da cidade com boas perspectivas.
Há apenas 5 anos, a região era pouco desejável no ramo imobiliário. Por onde se passava tinha um sem teto, o cheiro do metromover não era convidativo (para dizer o mínimo), a violência saltava aos olhos e, em sua maioria, quem frequentava a região eram funcionários públicos que trabalhavam nos prédios do governo, mas moravam em Miami Beach ou Coral Gables. Naturalmente, à noite, o local ficava praticamente deserto.
Canteiro de obrasHoje Downtown é uma das poucas áreas do mundo que funciona 24 horas e as vendas de imóvel na planta refletem essa realidade. O local virou um canteiro de obras e a maioria dos novos projetos hoje vende 70% das unidades de forma muito rápida. A consequência natural é que o centro ganhou vida e uma valorização imobiliária impressionante.
O fluxo de investimentos atualmente também mostra o contraste importante em relação ao que acontecia anos atrás. Atualmente, quando comparado com os centros de outras cidades, Miami tem uma das maiores taxas de crescimento populacional dos últimos 20 anos.
Um reflexo do aumento da demanda é que os prédios estão mais altos e um reflexo do aumento do poder aquisitivo é a dificuldade em achar imóveis novos que custam menos de $600 mil. Até fechar esse artigo, eram apenas 354 unidades disponíveis no Multi Listing Service (MLS).
Enquanto isso, 259 imóveis custando mais de $600 mil estão atualmente disponíveis na mesma plataforma. Essa mudança vai trazer consequências. Uma praticamente inevitável dessa distorção é que a camada com menos poder aquisitivo vai vender o imóvel e se mudar para regiões mais periféricas. Alguns dos prédios mais luxuosos em construção na cidade estão na região, e, à medida que as grandes construtoras comprarem mais prédios, essa diferença social vai aumentar.
O crescimento populacional aqui chegou a atingir 202% de 2000 a 2018. O governo do Estado ajuda porque cobra impostos baixos, gera um ambiente propício aos empreendedores e o custo dos imóveis aqui é acessível quando comparado a Los Angeles e Nova Iorque.
Não há bolhaImportante mencionar que esse crescimento não se enquadra na definição de bolha porque muitas das vendas são feitas à vista. Então, a riqueza já foi produzida e não há hipoteca a ser paga. Falando em hipotecas, outro fator importante para descartar a hipótese de bolha é que as prestações dos imóveis financiados estão sendo pagas em dia.
